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Opinião
José Vicente
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Brasil, diversidade racial empresarial

Os negros representam 56% dos brasileiros, e são apenas 3% dos ocupantes dos cargos de direção das empresas listadas na Bolsa

Por José Vicente – Professor, advogado e militante do movimento negro, ele é o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, instituição pioneira de ensino no Brasil que ajudou a fundar em 2004. 

 

O Brasil tem puxado a fila na produção das surpreendentes, inovadoras e pioneiras ações e medidas corporativas para enfrentamento e combate ao racismo estrutural empresarial, assim como, naquelas de promoção da inclusão, valorização e empoderamento dos negros nos quadros dos recursos humanos, na comunicação e nas compras corporativas — e mesmo no espaço sensível de direção e decisão organizacional.

Construído e estimulado a partir da Iniciativa Empresarial pela igualdade Racial, o paradigma estabelecido pela empresa Magalu com a primeira turma de trainees negros na história do País foi o gatilho que deu a largada para
a nova era da abordagem no combate ao impacto da emissão e efeitos do racismo, principalmente nas grandes empresas do Brasil. Na nova agenda, além dos trainees, letramento racial, compras de empresas de negros, claúsula contratuais antirracistas, criação das gerencias e diretorias de diversidade e equidade racial, incluiu-se agora a participação de negros na direção das empresas e nos seus conselhos de administração.

Foi outro membro que encorajado e fortalecido pela Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial, que acaba de elevar a régua e dar um salto para o futuro na diversidade racial corporativa. Com a assunção de Tarciana Medeiros, na Presidência, Kelly Quirino e Rachel Maia, no Conselho de Administração, todas autodeclaradas mulheres negras, o Banco do Brasil é primeira e única grande empresa do País na história a ter uma presidenta negra, e, também, duas membras do conselho de administração negras. Um feito e tanto.

Considerando que os negros representam 56% dos brasileiros, e são apenas 3% dos ocupantes dos cargos de direção das empresas listadas na Bolsa e que nas mais de mil empresas filiadas ao ESG não existe um presidente negro, o case do Banco do Brasil ilustra, à exaustão, a virulência e persistência do racismo nas empresas e a distância da pluralidade, diversidade, igualdade e democracia que compõem os propósitos da sociedade e das empresas sérias e honestas do nosso Brasil. Torna-se, na verdade, uma convocação obrigatória para a mudança.

Mas era preciso mais, e, novamente, a Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial com apoio da B3, KPMG, PWC, Mover (Movimento Empresarial pela Equidade Racial) e colaboração do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), repete o feito ao iniciar a formação da segunda turma de conselheiros negros para as empresas. No mês de novembro, quando a campainha da Bolsa de Valores soar, será para comunicar o novo feito do ambiente corporativo e o novo tempo da agenda da igualdade racial do nosso País provando que, nesta agenda, nunca existiu um destino manifesto, e que nós podemos construir o Brasil e as empresas diversas que quisermos.

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