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Madrinha Eunice merece respeito

O legado de uma das principais sambistas do Brasil, fundadora da escola de samba Lavapés, teve o seu brilho ofuscado. Mas o rápido levante da comunidade negra paulistana colocou as coisas em seu devido lugar

Por Fernando Lavieri

O Brasil é reconhecido internacionalmente por diversos aspectos. Os dois que historicamente foram consagrados são o samba e futebol. Sobre a segunda característica, o nome principal é o de Edson Arantes do Nascimento, o rei Pelé, que deixou legado imortal. Mas quando o assunto é o samba há inúmeros nomes que foram responsáveis por sua feitura e grandiosidade. E, entre esses nomes está o de Deolinda Madre, mais conhecida por Madrinha Eunice. Ela foi uma das pessoas que permitiu que o gênero musical e cultural brasileiro florescesse em São Paulo. Madrinha Eunice criou, em 1937, a escola de samba Lavapés, uma das primeiras e mais importantes instituições do tipo.

A figura de Madrinha Eunice ganhou o justo reconhecimento em abril do ano passado quando a prefeitura realizou uma singela cerimônia para inauguração da estátua de Deolinda, no bairro da Liberdade. Acontece, porém, que a mesma prefeitura concedeu permissão para que houvesse a montagem de um palco em cima da escultura. Tanto prefeitura quanto empresa responsável pela armação da estrutura praticaram múltiplas agressões. Primeiro, trata-se de agressão à memória de toda a população negra da cidade. Em segundo lugar, agressão a todas as pessoas que se preocupam com o combate ao racismo. Agora, é necessário lembrar que Deolinda e outros precursores do samba ergueram os alicerces do que hoje conhecemos como escolas de samba porque tiveram coragem para enfrentar os problemas. Depois, em terceiro lugar, a construção de palco sobre um dos ícones da história do samba é, evidentemente, agressão ao erário. Após crítica de movimentos negros da capital paulistana e, vale ressaltar, até de parte das pessoas que apreciavam os shows do universo Geek no local, o famigerado palco foi retirado e a imagem da sambista voltou a ser respeitada em destaque na área. É impossível apagar o que Pelé construiu pelo fato de ter sido o maior jogador de futebol que já existiu. Mas, no caso do samba, como são muitos os seus baluartes e, em alguns casos, trata-se de gente que apesar dos feitos teve biografia pouco conhecida, o que naturalmente fez com que o seu legado fosse esquecido, é necessário que a comunidade negra continue atenta contra episódios de apagamento de sua cultura.

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