Fernando Lavieri
O fato de Daniela Orcisse, modelo e influenciadora, de 35 anos de idade, ter sido acusada de roubar a própria blusa ao sair de uma loja, em São Paulo, veio a público no domingo 16 após a própria Daniela ter divulgado o ocorrido em suas redes sociais. Durante a semana, muito se falou sobre o caso, mas, no correr do tempo, outros assuntos se avolumaram e tomaram conta do noticiário como um furacão: a nova política de redução do armamento do governo federal, a turnê de despedida de Elton John, coisas do futebol e Barbie, mais Barbie e ainda mais Barbie. As cenas de constrangimento e o desrespeito vividos por Daniela passaram a ser mais um evento a ser discutido em âmbito judicial.
Acontece, porém, que Daniela deve ser aplaudida por sua coragem em denunciar a ação do estabelecimento e postura frente a acusação. É necessário lembrar que não se trata de um lance corriqueiro apenas, representa, isso sim, mais um episódio do preconceito diário nacional. Atribui-se a pessoas negras estereótipos negativos como se toma um copo d’água. É de suma importância que esses e outros casos do tipo sejam expostos e cada vez mais debatidos por toda a sociedade até a chegada do momento em que eles deixem de existir.
Racismo Zero
Com o objetivo de evitar que casos como o de Daniela Orciss se repitam em lojas, supermercados e espaços de consumo, a Universidade Zumbi dos Palmares criou o Racismo Zero, o maior programa de combate ao racismo no comércio, afim de conscientizar e alertar empresas e comércios sobre o racismo que negros sofrem por conta de notas fiscais.
Muitos negros já passaram pela experiência de precisar provar que compraram algum produto e tiveram que mostrar a nota fiscal. Uma atitude racista que, muitas vezes, passa despercebida. Pensando nisso, foi lançada a campanha Notas do Respeito, parte do programa Racismo Zero, para que comércios possam entender a problemática por trás da desconfiança de alguns estabelecimentos com as pessoas negras que precisam mostrar a nota fiscal para comprovar sua inocência.
“Vamos pressionar essa e outras empresas a fazerem parte do nosso programa e coibirem o racismo nas suas lojas”, afirma José Vicente, Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares.