Por Fernando Lavieri
O negócio futebol é repleto de simbologia em todos os seus âmbitos. Muito bem. Essa estrutura, nesse momento, está em viés de baixa. O que está se falando aqui é do contexto futebolístico do Brasil, da Espanha e Argentina.
A seleção brasileira não consegue entrar no ritmo das vitórias. Fernando Diniz, o treinador interino que acaba de ser campeão da Libertadores, não tem conseguido fazer com que os seus convocados, mesmo estando em tempo de badalação na Europa, obtenham êxito em seus chutes nos jogos das Eliminatórias. Para além do fraco desempenho dentro de campo, a questão eterna de brigas nos estádios é coisa que pega mal, para dizer o mínimo. Mas, essa semana um dos ícones do escrete nacional, Daniel Alves, que está preso por agressão sexual, pode ser condenado à prisão por nove anos, na Espanha. Todas as circunstâncias envolvendo o lateral da seleção mancham de forma indelével a reputação do futebol brasileiro.
Na mesma Espanha em que Daniel Alves enrascou-se (Veja só, num país europeu, o que se chamava de primeiro mundo) teve de enxotar Luis Rubiales, então presidente da Federação Espanhola de futebol, por ter beijado à força a jogadora Jenni Hermoso, após ela e suas companheiras de seleção sagrassem campeãs da Copa do Mundo feminina. Não é “apenas” o machismo que borra a imagem futebolística da Espanha e do Brasil. As agressões racistas contra Vinicius Júnior, e, agora, também a Rodrygo Goes, companheiro de Vini Jr no Real Madrid, não cessam. Entra jogo sai jogo, semana após semana, o craque brasileiro é ofendido. O racismo, que é coisa abjeta, para dizer o mínimo, se apresenta com normalidade nos estádios argentinos. Não há sequer uma única disputa entre brasileiros e argentinos que não ocorra manifestação de cunho racista de hermanos a brasileños. Os problemas relacionados ao futebol têm relação indissociável com essas sociedades e suas histórias. Para mudar tal situação é necessário o envolvimento dos atores principais: comissões técnicas, a imprensa e os jogadores. Essa parte fundamental do esporte não pode se colocar de lado. Ou seja, fazer de conta que o machismo e racismo em campo não lhes compete. O futebol já foi o ponto significativo de mudanças no corpo social. Tem de voltar a ser.