Search
Opinião
Dr. José Vicente
Os artigos editoriais são de responsabilidade de cada editor e não refletem necessariamente o posicionamento editorial da Afrobrasnews.

O voto e compromisso

Precisamos aproveitar a oportunidade para refletir sobre como o racismo estrutural

As eleições americanas trouxeram uma grande frustração para quem valoriza um mundo mais inclusivo, diverso e igualitário. Em um país que já elegeu o primeiro presidente negro, Barack Obama, a eleição de uma mulher negra, além de marcar e lustrar a história, fortaleceria a mensagem de que na democracia americana cabem todos e todos podem apresentarem-se para o sufrágio do voto e serem eleitos, independentemente de cor e raça.

Além disso, num tempo de polarização e conflituosidade, onde a governança carece de diálogo, empatia e contenção, a presença de uma mulher no poder poderia oferecer um olhar mais sensível, conciliador, cooperativo e humanitário, como é , em regra, da natureza feminina, para as questões sociais, raciais e humanitárias que o mundo enfrenta.

A derrota da vice presidenta e candidata Kamala Harris é assim uma perda relevante para esses fundamentos. Todavia, aponta um dado importante para nossa reflexão: a maioria retumbante dos negros americanos, 94%, foram às urnas e votaram na candidata negra. Confiaram e de forma consciente e determinada depositam o voto numa lider comunitária.

No Brasil, uma das maiores populações negras do mundo, enfrentamos desafios de outra natureza. Em São Paulo, onde os negros representam 42% da população, a ex-secretária de Cultura, Aline Torres, uma mulher negra aguerrida, articulada e largamente representativa dos negros paulistanos teve apenas 15 mil votos. Em Salvador, em que os negros respodem por 85% dos eleitores, o candidato negro à prefeitura teve uma votação inexpressiva. Por que ainda temos tanto receio e restrição em votar e eleger lideranças políticas negras? O que nos impede ? O que nos cerceia ?

Neste mês da Consciência Negra, precisamos aproveitar a oportunidade para refletir sobre como o racismo estrutural segue influenciando as decisões eleitorais, e também, fazer uma profunda e honesta autocrítica.Tem um problema de profundidade da alma negra que precisamos ter coragem e disposição para solucionar.

Eleger pessoas negras para cargos de poder é um ato de responsabilidade e compromisso profundo com a comunidade , com o equilíbrio e com a justiça social. Para isso será indispensável superarmos o preconceito, a dubiedade e a descrença, e construirmos um futuro onde todas as vozes, historicamente silenciadas, possam ser ouvidas e respeitadas.
A derrota de Kamalla deve nos inspirar e estimular nesaa direção.

Dr. José Vicente – Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares

Compartilhe!

Conteúdo relacionado

Educação como ferramenta de transformação social: A presença da Zumbi dos Palmares na Expo Favela

Em um país onde a desigualdade educacional ainda é gritante

Mercedes Baptista, 1ª bailarina negra do Theatro Municipal do Rio é celebrada no teatro

"Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista" é protagonizado por Ivanna Cruz

Rio de Janeiro vai sediar Black Travel Summit em 2025

O objetivo é debater sobre inclusão e diversidade no turismo, com foco em mercados emergentes que valorizam a cultura afro e seu impacto na indústria de viagens.

O Racismo não Pode Ser Tolerado

Precisamos fortalecer as leis antirracistas, promover a educação inclusiva e garantir a representatividade negra em todas as esferas da sociedade.

Festa da premiação do Troféu Raça Negra 2024, no Dia da Consciência Negra, no Espaço Unimed em São Paulo

Começa hoje, dia (15/11), a 7ª Virada da Consciência Confira a programação e participe!

Zumbi dos Palmares e os 20 anos da Universidade Zumbi dos Palmares são os homenageados neste ano do evento

Deixe o seu comentário!

Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência de navegação. Saiba mais

Navegação

Contato