Mulher racista, no Rio Grande do Sul faz encomenda de refeição e aproveita para disseminar o seu ódio a pessoas negras. Era só o que faltava. Até em trivialidades o racismo está presente
Quando se fala que o racismo é estrutural e que, portanto, ele está presente em todas as ocasiões da vida não é exagero, mas, sim, coisa da realidade. Aconteceu na terça-feira 14, no Rio Grande do Sul, numa situação absolutamente corriqueira. Em um pedido de refeição realizado na plataforma Ifood, a cliente, presumo, mulher racista contumaz, fez a exigência de que a entrega do lanche fosse feita por um entregador branco. “Da última vez veio um motoboy negro, peço a gentileza que mande um branco, não gosto de pessoas assim encostando na minha comida”, escreveu ela na parte nota direcionada as observações das encomendas.
Acontece que o dono do estabelecimento, uma pastelaria situada no município de Campo Bom, é um homem negro. Gabriel Fernandes da Cunha respondeu na medida certa. “A loja não compactua com a sua postura e faremos denúncia contra o seu perfil. Faça o favor de não comprar mais de minha loja, pois não queremos pessoas assim comprando aqui. O motoboy negro que fez a entrega anterior é o dono da firma”, registrou ele. O caso está agora sendo investigado pela Polícia Civil gaúcha. É necessário que as pessoas comprometidas em ser antirracistas fiquem atentas. No Brasil, a partir desse episódio, pode-se dizer que tudo é possível. Tudo mesmo. Somente em 2022, uma pessoa negra foi morta por intervenção policial a cada quatro horas, apontou a pesquisa da Rede de Observatórios.
Vamos aqui lembrar poucos casos brutais que mancharam a reputação do Brasil internacionalmente: Genivaldo de Jesus Santos, homem negro, trancafiado e asfixiado por policiais da Polícia Rodoviária Federal, dentro de camburão da própria corporação, em Sergipe; Evaldo Rosa, homem negro, músico, morto após ser extremamente baleado pelo Exército, no Rio de Janeiro; João Alberto Freitas, homem negro, morto após espancamento em hall do supermercado Carrefour, no Rio Grande do Sul; Miguel Otávio Santana da Silva, criança negra, que morreu porque foi abandonada no elevador pela empregadora de sua mãe, o caso aconteceu em Recife, Pernambuco; Kathelen Romeu, mulher negra, grávida, mãe e o feto morreram, durante operação policial no Rio de Janeiro. Há inúmeros casos bárbaros como esses no Brasil, por isso é necessário dizer para as pessoas comprometidas em ter postura antirracista e autoridades políticas. Atenção! O racismo, agressão atroz, está até em encomenda de refeição.
Por Fernando Lavieri