Search

Retrospectiva 2023 – O que aconteceu com os negros em 2023?

Vida política no Brasil representa passos significativos

Por Fernando Lavieri

 

O ano de 2023 começou com alta expectativa sobre o governo Lula. O que ele faria em seu terceiro mandato? A administração federal, então, logo no início, teve de se posicionar energicamente para debelar a crise instalada na Praça dos Três Poderes, no vergonhoso 8 de janeiro. Superado o abalo, novos Ministérios surgiram e os ministros foram empossados. Muito bem. Quando se faz o recorte étnico-racial percebe-se que o governo federal então teria, pela primeira vez, oito pessoas negras à frente de pastas fundamentais para o futuro da negritude brasileira.

São eles: Flávio Dino no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele é figura conhecida na política brasileira, ex-governador do Maranhão, seu estado natal. Mirando de forma ampla a pasta, Justiça e Segurança Pública, são duas áreas que as pessoas negras são muito carentes. Para ter certeza basta olhar qual é o grupo social que abarrota o sistema carcerário. Olhe também para os dados que indicam mortes de gente preta, sempre crescente.

Rui Costa, na Casa Civil, também ex-governador, mas da Bahia. O “gerente de governo”, como é conhecido o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, pode não parecer, mas ele influi no contexto de trabalho de seus pares. E o resultado se dará na vida prática do povo.

Outro ex-governador, Wellington Dias, do Piauí, no Ministério do Desenvolvimento Social. A atuação de Dias é fundamental para estruturar bases mínimas em regiões do país onde a precarização é total e melhorar as condições de vida das pessoas mais pobres nas periferias dos grandes centros, locais em que inúmeras famílias de baixa renda, negras, sobretudo, vivem com muita dificuldade.

Luciana Santos está no ministério da Ciência e Tecnologia. Ela foi a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora do estado de Pernambuco. As áreas de Ciência e Tecnologia adam de mãos dadas e são essenciais para o desenvolvimento de qualquer nação. E, pensando no progresso do Brasil, a parcela negra da sociedade tem de ser a terceira mão a juntar-se nesse grande esforço de modernização, para além de desconstruir o racismo em ambientes digitais.

Um dos assuntos mais debatidos em todo o mundo há décadas é o meio ambiente. Lula escolheu Marina Silva para cuidar desse setor. Ela que sempre se assumiu como mulher negra, goza de prestígio nacional e internacional e demonstrou durante o ano de 2023 entender que o racismo é estrutural e ele ocorre também na esfera ambiental. Na COP28, reunião mais importante do ano sobre natureza, Marina se destacou junto ao presidente Lula e contribuiu para elevar o nome do Brasil globalmente.

Até aqui foi jogo jogado. Gente preta que, mais cedo ou mais tarde, assumiriam postos de destaque no terceiro mandato de Lula, pois constituíram carreira no universo político. Mas, a novidade das novidades foi o presidente ter convidado Anielle Franco, Silvio Almeida e Margareth Menezes.

O governo federal, sem dúvida, necessita retomar o protagonismo em Direitos Humanos e Cidadania, acelerar processos que induzam Igualdade racial universalmente e, o que dizer sobre a Cultura? A pasta havia sido inviabilizada. Anielle, Silvio e Margareth sabem disso e suas figuras são carregadas de simbolismo. Anielle e sua irmã, Marielle Franco, assassinada junto Anderson Gomes, o seu motorista, em 2018, sempre exerceram tais lutas no Rio de Janeiro.

Um adendo necessário: após anos de trevas, em que o ex-presidente, Jair Bolsonaro, tratava gente preta com conotação animalesca e defendia efusivamente o torturador Carlos Brilhante Ustra, ver Silvio Almeida administrando o Ministério dos Direitos Humanos serviu como tapa com luva de pelica nos adeptos ao ex-governo.

Margareth Menezes, por sua vez, tem tarefa difícil pela frente. A grande dama da música baiana, tem feito de tudo para que esse aspecto fundamental da vida brasileira retome o rumo.

A partir desse novo momento nacional, ainda em âmbito federal, diversas conquistas aconteceram. Uma das mais importantes foi a aprovação da Lei de Cotas, medida afirmativa que tem alterado o corpo social e a recomposição orçamentária para retomar projetos sociais. A recuperação de políticas públicas que beneficiam diretamente a população negra é uma característica essencial para melhoria da qualidade de vida da maioria das pessoas no país.

Compartilhe!

Conteúdo relacionado

Zumbi e agência Africa iniciam parceria

Escola Africa promoverá 12 encontros presenciais com mentoria para alunos do curso de Publicidade e Propaganda

“Minha literatura convoca todo mundo”, afirma Conceição Evaristo

Escritora participa do Festival Literário Internacional de Paracatu

Evento celebra chegada da coleção completa dos Cadernos Negros à Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin

No dia 11 de setembro, às 18h30, será realizado no Auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana, o evento “Cadernos Negros na BBM”

Festival Sons da Rua 2024 anuncia novas atrações: Tasha e Tracie + Kyan e Gregory, em show exclusivo, e Major RD (feat LEALL)

Um dos grandes festivais de hip hop acontece no dia 26 de outubro, na cidade de São Paulo. 

Ipea: apenas 52% das mulheres negras estão no mercado de trabalho

As mulheres são a maioria da população brasileira, e as negras são 28%

Relatora especial da ONU vê racismo sistêmico no Brasil

Para Ashwini K.P., medidas para combater problema são insuficientes

Deixe o seu comentário!

Este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência de navegação. Saiba mais

Navegação

Contato